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quinta-feira, 17 de março de 2016

Procurador-geral da República diz que ser ministro não blinda ninguém

Na Suíça, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, comentou as gravações de conversas do ex-presidente Lula divulgadas na quarta-feira e rebateu as críticas de Lula, que reclamou da falta de gratidão de Janot, nomeado para a Procuradoria Geral da República em 2013. Janot disse que chegou a essa posição por mérito próprio, que estudou muito e que, se tem que agradecer a alguém, é à família dele.
Janot também afirmou que o foro privilegiado de Lula não vai impedir os trabalhos da Justiça e disse que ser ministro não blinda ninguém. Ele vai pegar os processos que estão em Curitiba e levar para o Supremo Tribunal Federal para terem continuidade.
Questionado pela repórter Bianca Rothier, da GloboNews, se sentiu-se pressionado pelas críticas do ex-presidente Lula, o procurador-geral disse que não. "O Ministério Público tem que ter couro grosso. O Ministério Público mexe com a liberdade das pessoas, com o patrimônio das pessoas, e é normal que as pessoas reajam. O Ministério Público tem que agir com tranquilidade, tecnicamente, mas destemidamente. O Ministério Público não tem medo de nada", completou Rodrigo Janot.
“O Brasil atravessa um problema e a gente tem que ter calma para enfrentar esse problema. A pauta política não pode contaminar a pauta jurídica, e eu vou atuar desta maneira, juridicamente, tecnicamente, sem nenhuma contaminação política de um lado ou de outro”, ressaltou Janot.

Membros de associação de juízes se mostram a favor de Sérgio Moro

Membros da Associação Paranaense dos Juízes Federais (APAJUFE) fizeram um pronunciamento em frente ao prédio da Justiça Federal do Paraná, no bairro Ahú, a favor da democracia e do Poder Judiciário Independente, no início da tarde desta quinta-feira (17).
O grupo também apoia o juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, e critica a tentativa de obstrução das investigações. Entre os presentes estava o vice-presidente da APAJUFE Nicolau Konkell.
Em nota, a APAJUFE declarou que "as decisões tomadas pelo Juiz Federal, pelo Tribunal Regional Federal da 4a. Região e pelos Tribunais Superiores (STJ e STF) sempre foram fundamentadas e embasadas por indícios e provas técnicas de autoria e materialidade, em consonância com a legislação penal e a Constituição Federal, sempre respeitando o Estado de Direito".
Confira a íntegra da nota.
"A Associação Paranaense dos Juízes Federais – APAJUFE, vem a público manifestar total apoio ao Juiz Federal Sérgio Moro, titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, na condução dos processos relacionados à Operação Lava Jato.
O processo penal é público. Todos têm direito de acesso aos atos do processo, diante do princípio da publicidade, sendo o sigilo exceção. (Art. 5o LX, da CF)
As decisões tomadas pelo Juiz Federal, pelo Tribunal Regional Federal da 4a. Região e pelos Tribunais Superiores (STJ e STF) sempre foram fundamentadas e embasadas por indícios e provas técnicas de autoria e materialidade, em consonância com a legislação penal e a Constituição Federal, sempre respeitando o Estado de Direito.
As irresignações relacionadas ao processo penal devem ocorrer através dos recursos processuais previstos legalmente. Qualquer outra medida é uma afronta à independência do Poder Judiciário e à democracia, pilares da nossa Constituição".
Desde o início da manhã, centenas de manifestantes estão concentrados em frente ao prédio da Justiça para protestar a favor da operação, que completa dois anos nesta quinta. Os manifestantes estão com faixas e cartazes e também gritam palavras de apoio a Moro.

Juiz federal do DF suspende posse de Lula na Casa Civil


A decisão foi tomada em ação popular movida pelo advogado Enio Meregalli Júnior, mas cabe recurso ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).
A Advocacia Geral da União (AGU), que defende o governo na Justiça, já informou que vai recorrer ainda nesta quinta para tentar derrubar a liminar.
Ao G1, o juiz federal afirmou que tomou a decisão para preservar a “harmonia entre os Poderes para que o país possa funcionar corretamente”.
“Juiz não é cego nem surdo para o que está acontecendo. E ontem [quarta] o país inteiro viu que existe uma clara intenção do ex-presidente da República, e talvez até da atual presidente da República, de intervir no Poder Judiciário. Isso é inadmissível, isso não pode ser permitido de forma alguma”, enfatizou.
Redes sociais
Antes da decisão desta quinta (17), o juiz já havia se manifestado contra Dilma, Lula e o PT nas redes sociais.  Em entrevista, ele disse que a atuação como cidadão, em busca de um país melhor, interfere na vida dele, assim como a religião, por exemplo. Mas que, no caso em questão, ele julgou o pedido de acordo com o que está no processo e com o sistema jurídico.
O juiz ressaltou que havia indícios tanto de que a presidente Dilma Rousseff quanto Lula tinham intenção de interferir no Judiciário para provocar o deslocamento do processo contra o ex-presidente para o Supremo Tribunal Federal. Ele destacou que não acredita que o STFpudesse ser influenciado, mas que houve uma tentativa de interferência.
“Já me manifestei sim [a favor do impeachment da presidente Dilma]. Essa é uma posição de cidadania minha. Eu tenho todo o direito de exercer minha cidadania como todo cidadão brasileiro, mas isso não interfere nas decisões judiciais que eu adoto. Eu decido de acordo com o que está no precesso, com os fatos que são comprovados ou pelo menos demonstrados no processo e de acordo com o sistema jurídico brasileiro”, afirmou.
Lula foi empossado na Casa Civil em uma cerimônia realizada na manhã desta quinta no Palácio do Planalto. Com seu ingresso no primeiro escalão, o ex-presidente volta a ter direito ao foro privilegiado, o que o tirou da alçada do juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância.
O autor da ação popular alegou na peça judicial que houve uma tentativa de "burlar o princípio do juiz natural, em razão de que, até tomar posse como ministro, Lula era investigado por Moro. Ao ingressar no primeiro escalão, ele só poderá ser alvo de investigações com autorização do Supremo.
Na liminar que suspendeu a posse de Lula, o juiz determinou que a presidente Dilma Rousseff seja intimada para imediato cumprimento da decisão. Segundo Catta Preta, a posse de Lula pode representar uma intervenção indevida na atividade policial, no Ministério Público e no Judiciário.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Filho de Chorão vai ao IML para tratar de liberação do corpo do pai


O filho de Chorão, Alexandre Abrão, chega ao Instituto Médico-Legal na Zona Oeste de São Paulo para tentar liberar o corpo do pai (Foto: Diogo Moreira/Frame/Estadão Conteúdo)Filho de Chorão, Alexandre Abrão, chega ao IML (Foto: Diogo Moreira/Frame/Estadão Conteúdo)
O filho de Chorão, Alexandre Abrão, esteve no Instituto Médico-Legal (IML) na tarde desta quarta-feira (6). Segundo um tio do jovem, ele foi levar documentos para liberar o corpo do vocalista do Charlie Brown Jr. O jovem não deu entrevistas e deixou o local por volta das 14h30. Pouco depois, um parente chegou com roupas para vestir o músico.
Mais cedo, a apresentadora Sônia Abrão, prima do cantor Chorão, disse que o vocalista do Charlie Brown Jr. reclamava da solidão. Alexandre Magno Abrão, de 42 anos, foi encontrado morto na madrugada desta quarta-feira (6) em seu apartamento, em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo.

Sônia era prima de Chorão por parte de pai. Eles se encontraram pela última vez há cerca de sete meses, no velório do pai da apresentadora. Chorão, que segundo ela passava por uma depressão profunda, reclamou da solidão.
O delegado Itagiba Vieira, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), disse nesta quarta-feira (6), que não acredita que o vocalista tenha sido vítima de um homicídio. "Aparentemente não foi homicídio. O IML é que vai dar a causa da morte. Aparentemente ou foi por uso de medicamento ou outra substância", disse o delegado.
“Na última conversa que tivemos ele disse: ‘o que me derruba é que a gente nasceu sozinho e morre sozinho’. E ele morreu sozinho”, disse Sônia. “Faz um tempo que ele estava num processo de depressão muito profunda mesmo. Com o fim do casamento, as coisas pioraram muito para ele”. Chorão terminou o seu segundo casamento, que durou 15 anos, há cerca de seis meses, segundo informações da TV Globo.
Sônia Abrão foi até o prédio de Chorão após saber da morte do cantor (Foto: Letícia Macedo/G1)Sônia Abrão foi até o prédio de Chorão após saber
da morte do cantor (Foto: Letícia Macedo/G1)
A apresentadora não acredita na hipótese de suicídio. Segundo Sônia, ele era muito ligado à família e cuidava da mãe, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC). “Ele deve ter tido uma crise de desespero forte, de solidão, depressão, seja o que for. Acho que ele não teve noção de que estava numa situação limite”. Ainda segundo Sônia Abrão, o cantor não fazia terapia. “Ele dizia que a sua terapia era o palco”.
Chorão, de 42 anos, foi encontrado morto por seu motorista e segurança nesta madrugada, em seu apartamento em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo. Chorão, que morava em Santos, usava o apartamento esporadicamente, geralmente após shows.
Chorão - Cronologia (Foto: Arte/G1)
Segundo o delegado, o apartamento de Chorão estava muito danificado. Itagiba acredita que os danos tenham sido feitos pelo próprio cantor, já que o corpo foi encontrado com um dedo machucado e havia marcas de sangue no local. “Não tem nada que estivesse no lugar. Ele estava machucado no dedo, arrancou parte de uma unha, o que pode explicar as marcas de sangue na parede”, disse o delegado.
O corpo de Chorão deixou o prédio por volta das 8h30 em um carro da Perícia Técnico Científica. As causas da morte serão determinadas pela perícia. Latas de bebidas alcóolicas foram recolhidas no apartamento do cantor. Perguntado se foram encontrados vestígios de drogas no apartamento, Itagiba disse que não iria comentar o assunto por enquanto. O corpo passará por exames toxicológicos.
A assessoria de imprensa da banda informou ao G1 que Chorão estava de férias e embarcaria para os Estados Unidos nos próximos dias. Ainda segundo a assessoria, o estado de saúde dele era bom.
O cantor e letrista, que faria 43 anos em 9 de abril, liderava a banda fundada por ele na cidade de Santos, no litoral de São Paulo, em 1992. Em 15 anos de carreira, o Charlie Brown Jr lançou nove álbuns de estúdio, dois discos ao vivo, duas coletâneas e seis DVDs. Ao todo, o grupo vendeu 5 milhões de cópias.
Chorão (centro) e sua esposa, a estilista Graziela Gonçalves, durante festa de aniversário do apresentador Marcos Mion (esq.) em uma boate de São Paulo em setembro de 2007 (Foto: João Sal/Folhapress)Chorão (centro) e sua ex-mulher, a estilista Graziela
Gonçalves, em 2007 (Foto: João Sal/Folhapress)
Além de vocalista, Chorão era responsável pelas letras do Charlie Brown Jr e pelo direcionamento artístico e executivo da banda. Em 2005, o trabalho "Tâmo aí na atividade” foi premiado com o Grammy Latino de melhor álbum de rock brasileiro, o que se repetiu em 2010 com "Camisa 10 joga bola até na chuva".
No ano passado, o Charlie Brown Jr. lançou "Música Popular Caiçara", álbum ao vivo que marcou o retorno dos integrantes Marcão e Champignon à banda. Eles haviam deixado o grupo em 2005. As apresentações aconteceram em Curitiba e Santos. A produção do trabalho foi feita por Liminha e os shows contam com a participação de Falcão (O Rappa), Zeca Baleiro e Marcelo Nova. Das 15 faixas do CD, a única gravada em estúdio é "Céu azul".
Chorão foi o único integrante do Charlie Brown Jr que permaneceu no grupo em todas as suas fases. Paulistano, Chorão adotou a cidade de Santos desde a juventude, onde criou a banda. Seu apelido foi dado ainda na adolescência, quando ele não sabia andar de skate e ficava apenas olhando os amigos. Um deles, então, pediu que o jovem não chorasse. Segundo a GloboNews, a infância e a adolescência de Chorão foram difíceis por conta da separação dos pais, que aconteceu quando ele tinha 11 anos. O músico largou a escola na sétima na série.


Último show do Charlie Brown Jr foi em uma casa noturna de SC


Último show do Charlie Brown Jr,. foi em Camboriú, SC (Foto: Otávio Silva/Divulgação)Último show do Charlie Brown Jr,. foi em Camboriú, SC (Foto: Otávio Silva/Divulgação)
A última aparição em público da banda Charlie Brown Jr com o vocalista Chorão foi em uma casa noturna de Camboriú, em Santa Catarina. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da banda, que informou que o show foi marcado por polêmica. A apresentação, que durou cerca de duas horas, ocorreu sábado, dia 26 de janeiro, durante a programação de verão do clube e reuniu cerca de 3 mil pessoas.
De acordo com o setor de comunicação da casa noturna, quando chegou ao local da apresentação, Chorão desceu da van que transportava a banda e foi caminhando até o camarim. No caminho, ele parou para comer um espetinho, tirou fotos com fãs e queria entrar no clube pela porta da bilheteria.
Chorão animou público com sucessos no último show da banda, em Camboriú (Foto: Otávio Silva/Divulgação)Chorão animou público com sucessos no último
show da banda, em Camboriú
(Foto: Otávio Silva/Divulgação)
Durante o show, ele reclamou várias vezes e, no final, chegou a discutir com um fã, segundo o sócio da casa noturna Fabiano Steil. "Havia uma pessoa da divulgação que participou da promoção de outro show e ela estava com a camisa de um cantor sertanejo. O Chorão viu e começou a falar um monte de besteira para o fã. Algumas pessoas que estavam ali não gostaram e reclamaram bastante nas redes sociais da casa", conta Steil. "Ele saiu para o bis e voltou, cantou uma música e começou a discutir com o fã no microfone. O Chorão falava no microfone e o rapaz embaixo rebatia. Quem estava longe não entendeu nada. Foi bem chato", recorda Victor Polessi, produtor do show.
Segundo ele, outras pessoas elogiaram a apresentação e a reação do público foi considerada normal. "É uma banda de rock, uma banda polêmica. O show foi muito bom e é normal dar este tipo de repercussão", avalia Steil, que também se diz um grande fã do grupo.
Em seis meses esse foi o segundo show da banda na casa noturna catarinense. "Em janeiro, Chorão entrou no palco dizendo que iria se redimir da primeira apresentação, quando ele falou bastante no palco por causa da separação com a mulher, mas eu avaliei como ótimo o show daquele primeiro dia", conta Steil.
Em 30 de junho de 2012, Chorão e os integrantes da banda entraram no palco e tocaram por cerca de três horas consecutivas. Conforme relatado pelo sócio da casa, quem estava na plateia ouviu o desabafo do líder do grupo, que havia acabado de se separar. "O show foi num sábado, se não me engano e na sexta-feira ele havia começado o processo de terminar. Ele falou no palco que queria cantar para não lembrar da mulher e, por isso, ele cantou muito", lembra o fã e promotor do evento.
"Os dois shows foram bem conturbados. Eu me decepcionei bastante. Ele estava meio inacessível no primeiro show. Entrou no palco e ficou se lamentando bastante. Ele estava bem decepcionado. Depois, foi se empolgando e disse ‘vamos começar o show de novo’ e fez quase três horas de show e foi bem animal depois”, lembra o produtor do evento Victor Polessi, que também se diz um grande fã da banda.
Polessi conversou com Chorão no camarim antes do último show com o líder da banda (Foto: Victor Polessi/Divulgação)Polessi conversou com Chorão no camarim antes
do último show com o líder da banda
(Foto: Victor Polessi/Divulgação)
Polessi recorda que no segundo show da banda na casa noturna de Camboriú, Chorão estava bem mais acessível. O produtor entrou no camarim e disse que ficou conversando com o líder da banda por cerca de 10 minutos. “Ele perguntou: foi aqui que eu fiz aquele show muito ruim, que eu fiquei me lamentando? Eu respondi que sim e ele disse ‘eu vou fazer um showzaço porque agora estou na vibe. O show foi muito bom, mas ele só estragou tudo brigando com o fã no final”, analisa Polessi.
Pietro Pozzebon tem 24 anos e é fã do Charlie Brown Jr. desde muito jovem. Para ele, o último show da banda foi bastante atípico. "Ele estava bem mais calmo do que no outro show [de junho de 2012]. Foi um show bem emocionante, mas não era mais o Chorão gritante, com aquele gás, aquela loucura dele. Dava para ver que ele já estava meio triste", conta o fotógrafo. Pozzebon define a notícia da morte de Chorão como uma perda inestimável para uma geração. "Hoje o dia está cinza, mesmo com sol em alguns locais. Ele fala da juventude, porque desde pequeno ele fala tudo o que representa. Nós não vamos mais ter a poesia das músicas dele", relembra Pozzebon.
Na última aparição pública com o vocalista Chorão, o Charlie Brown Jr. tocou sucessos dos 10 discos lançados ao longo dos 15 anos de existência da banda, como 'Tudo o que ela gosta de escutar', 'Me encontra', 'Vou te levar' e 'Ela vai voltar', incluindo hits do último CD, lançado em 2012, 'Música Popular Caiçara". No final da apresentação, o grupo recebeu uma fã que tem a imagem dos integrantes tatuada nas costas.

domingo, 3 de março de 2013

Mãe doa parte de fígado para o filho e órgão dele é doado para outra criança

Uma história de superação e esperança: a vida de três brasileiros se transformou depois que eles passaram por um transplante muito raro.
Foi no Amazonas de tantas histórias e lendas que começou a saga de uma mãe brasileira. Mary, já tinha perdido um bebê e o filho que teve anos depois parecia condenado ao mesmo destino.
“Quando ia dar o leitinho pra ele, ele parava, fechava os olhos e faltava respiração, ele parava”, disse a mãe do Miguel, Francimary Prudente da Silva.
Miguel era até gorduchinho, mas logo apresentou as sequelas de uma doença rara e grave: leucinose. Ele não produz uma enzima que ajuda processar a proteína. Uma enzima que está presente em vários órgãos, como o fígado, rins e músculos. O sistema nervoso e muscular de Miguel ficou fragilizado.
“Essa criança desde o começo tem que fazer um diagnóstico precoce, já no primeiro mês de vida, porque a doença começa já no primeiro mês”, disse a hepatologista pediátrica Gilda Porta.
Sem conseguir engolir, Miguel só se alimentava com um leite especial caro. Mesmo assim ele não se desenvolvia.
“Nem com apoio ele não sentava. O Miguel não ficava em pé, não interagia”, conta a mãe.
A solução estava longe de casa: um transplante de fígado. Mary não teve não dúvida.
“Sabe aquela decisão de que sou eu vou doar, eu vim preparada pra doar”, disse a mãe.
Mas para doar uma parte do próprio corpo e salvar a vida do filho Meire precisaria antes passar por mais uma prova de força e determinação: perder cerca de 20 quilos num curto espaço de tempo
Ela cortou doces, reduziu massas, comeu muita salada, muita sopa e fez muita corrida na esteira.
“Final de agosto eu já estava bem, eu já tava com 64, 63 quilos eu estava. Eu disse: ‘Ah não, eu quero ficar em 60’, porque eu fui gostando”, disse Mary.
Mary estava pronta para o transplante quando aconteceu a grande surpresa dessa história.
“A Vera, enfermeira, me liga e diz ‘Francemary, eu estou ligando para dizer que vai acontecer o transplante do Miguel na semana que vem’, aí nesse dia eu chorei, chorei, chorei... Porque aí quando ela falou assim ‘e aí o fígado do seu filho vai para outra criança.’ Aí eu disse: como pode? Mas não, eu perguntei dela. Eu disse: é? Ela disse: ‘é. O fígado do teu filho não serve pra ele, mas serve para outra criança’”, conta a mãe de Miguel.
Foi nesse ponto que a saga de Mary e Miguel se cruzou com a de Gisele e Alan.  Ele veio de Cuiabá, porque nasceu com um entupimento das vias biliares, o problema no fígado se agravou com o tempo. Sem um transplante rápido ele não resistiria.
“Na hora você não sabe quem pode doar, se acha um doador”, disse a mãe de Alan, Gisele Viera dos Anjos.
O doador seria Miguel.
No centro cirúrgico a história da Mary, do Miguel e do Alan se transformou também em um marco na história dos transplantes. O que aconteceu no dia 31 de outubro de 2012 ainda não tinha registro na literatura médica.
“É a primeira vez em que isso ocorre, a mãe que tem o gene da doença, mas não está doente, não tem doença do fígado, doar uma parte do seu fígado para o filho dela, para o Miguel, isso é inusitado, não existe caso como esse”, disse o coordenador do Programa de Transplante de Fígado, Paulo Chapchap.
Fantástico: E a decisão de doar o fígado do Miguel para o Alan?
“Então, a gente viu a oportunidade de usar este fígado do Miguel, que é normal em tudo menos pela falta da enzima, para o Alan que produz enzimas em outros órgãos”, conta o médico.
O transplante dominó feito pelo SUS no Hospital Sírio Libanês começou às sete da manhã e terminou às dez da noite com médicos e enfermeiros trabalhando ao mesmo tempo em três salas de cirurgia.
“Você termina o transplante e se sente feliz, mas na verdade os problemas estão apenas começando, porque no dia seguinte você tem que ver os exames, ver se está tudo bem com os dois pacientes e com a doadora”, diz o médico cirurgião João Seda.
Quatro meses depois e os exames confirmaram que está tudo muito bem com Alan. “Ele está completamente normal”, revela a médica. E com Miguel também. “Ele está ótimo”, conta.
Tão bem que a médica dá uma notícia muito esperada
“Nós já estamos em vias de você ir embora para Manaus, né?”, disse a médica.
“Eu fico super emocionada. Ficar 9 meses aqui, praticamente 9 meses, né. Eu fico feliz”, conta a mãe do Miguel .
O Fantástico matou um pouco dessa saudade e montou uma conexão via internet para o seu Manoel lá de Manaus poder ver a Mary e o Miguel em ação finalmente. O bebê que antes só ficava deitado, mostra que está se desenvolvendo, se agita...
“Bate palminha pro papai, olha que felicidade”, diz a mãe.
“Ele está danado demais, né?”, diz o pai. Lá, a saudade também aperta. “Não vejo a hora deles chegarem, pra abraçar, pra beijar eles”, disse o pai do Miguel.
Na casa que alugou em São Paulo, a batalha de Meire e Miguel atraiu uma legião de admiradores.
Eles tiveram apoio de anjos da guarda, como a tia emocionada.
“Ver ele no parque, interagindo com outras crianças, é emoção demais”, disse a dona de casa Marlívia Carvalho, tia de Miguel.
Um final feliz, um senhor exemplo de força e amor.

Acusado de atacar casal em GO revela grande interesse por bombas

Reviravolta em um caso que você viu no Fantástico! É a história de um casal atingido por uma bomba, dentro de um carro, em Goiás. Um ex-namorado da moça era o principal suspeito. Mas agora a polícia acha que encontrou o verdadeiro culpado.
Fantástico: Vocês não podem nem dar a mão?
Thays Mendes: Não, por enquanto não.
Fantástico: Por quê?
Thays: Por causa da imunidade. As feridas que ainda estão abertas.
Fantástico: Problema de infecção?
Thays: É por isso.
Thays Mendes e Guilherme Almeida foram vítimas de um ataque a bomba em Anápolis, Goiás, no início do ano. Eles estavam dentro do carro, parados no sinal, quando um homem jogou um explosivo. Era uma bomba caseira, que lançou pregos ao explodir.
“Eu estava trocando de música ainda, quando eu vi só veio uma caixa, de uma vez, parou no meio e logo em seguida já explodiu”, conta Thays.
Guilherme e Thays sofreram queimaduras de segundo e terceiro graus. O casal vai precisar de pelo menos um ano de tratamento. Na época do atentado, ninguém foi preso.
Um ex-namorado de Thays chegou a ser considerado suspeito pela polícia. Em entrevista ao Fantástico no início do ano, sem mostrar o rosto, ele disse que passou a receber ameaças. “Estou sendo ameaçado em redes sociais, por telefone, nas ruas”, disse.
Quase um mês depois, outro atentado a bomba, desta vez em Goiânia, mudou o rumo do caso.
Uingles Queirós foi preso em flagrante depois de atacar um ônibus. No dia 28 de janeiro, às 10h, o ônibus seguia o trajeto normalmente. Era um dia comum. Quando parou, Uingles subiu e minutos depois acendeu as três bombas. Os passageiros ficaram desesperados.
Por sorte, apenas uma das três bombas explodiu. Dois passageiros ficaram feridos. Segundo a polícia, foi Uingles quem atacou Guilherme e Thays. Ele fabrica bombas. Fórmulas de explosivos foram encontradas na casa dele. Na delegacia onde está preso, Uingles falou ao Fantástico.
“Interesse muita gente tem por bombas. Eu, porém, também senti, no meu coração, senti interesse de conhecer, de manipular”, disse Uingles.
Ele nega ter atacado o casal.
Fantástico: Em Goiânia, o senhor confirmou que foi o senhor?
Uingles: Realmente eu confirmei.
Fantástico: Aqui não.
Uingles: Não.
E disse à polícia que jogou o explosivo no ônibus porque se sentiu ameaçado.
“Não havia uma motivação lógica para a prática desse delito. Qualquer pessoa que estivesse passando naquela rua poderia ter sido vítima desse ato irracional praticado pelo autor do delito”, diz o delegado da Polícia Civil de Goiás Éder Ferreira.
Dois anos atrás, ele fugiu de um presídio em Goiânia, onde cumpria pena por tentativa de homicídio em 2003.
Segundo a Justiça de Goiás, ele nunca recebeu avaliação psiquiátrica, apesar de dizer, por exemplo, que vê vultos e ouve vozes. “Eu escuto não só vozes, mas também tenho problemas de alguns vultos que eu vejo e mais outras coisas que acontecem que eu não lembro no momento, tem acontecido comigo”, diz.
Ao ser preso depois de atacar o ônibus, ele tinha uma nota fiscal da compra de uma bicicleta na cidade de Anápolis. A polícia encontrou a bicicleta e diz que as imagens das câmeras de segurança provam que é a mesma que foi usada no atentado ao casal Thays e Guilherme.
“Os peritos informaram que não resta dúvida, que essa bicicleta foi a bicicleta utilizada pelo autor do delito”, diz delegado.
Se Uingles Queirós for mesmo o culpado pelo atentado ao casal, será acusado de tentativa de homicídio. A condenação pode chegar a 30 anos de prisão.